
Maior ídolo da história recente do São Paulo, o goleiro Rogério Ceni comemora, nesta quinta-feira, o décimo aniversário de seu primeiro gol de falta. No dia 15 de fevereiro de 1997, contra o União São João e sob o olhar de torcedores desconfiados e temerosos, o jogador balançou as redes pela primeira vez e decretou nova era no futebol nacional, a dos "goleiros artilheiros".
Na ocasião, o São Paulo venceu o time de Araras por 2 a 0, em partida válida pelo Campeonato Paulista daquela temporada, que terminou com título do Corinthians, após superar o time do Morumbi na última partida do torneio.
"Na época fui vítima de muita polêmica. Muitos achavam que o goleiro não deveria bater faltas, mas outras pessoas me apoiaram. Depois de dez anos acredito no lado bom de meu primeiro gol. Acredito que ajudei a desenvolver a posição de goleiro. Hoje não somos analisados somente pelas defesas, mas pela reposição de bola, saída do gol e até as cobranças de falta", comentou o capitão são-paulino.
Em uma década, Rogério balançou as redes 69 vezes. Na história do futebol, nenhum outro goleiro balançou tanto as redes quanto o são-paulino, que pode bater a marca dos cem gols caso mantenha sua média nos próximos dois anos. O segundo colocado, segundo a Fifa, é o lendário paraguaio Chilavert, que fez 64 em carreira já encerrada.
"A data do primeiro [gol] e a quantidade são marcantes como momento, mas não tenho a ambição de marcar um determinado número de gols. Prefiro que eles ajudem a conquistar mais títulos pelo São Paulo", disse Rogério sobre a oportunidade de chegar ao gol número cem como profissional nos próximos anos.
Campeão de praticamente todas as competições de importância nacional e internacional entre os clubes, Rogério, inclusive, estimulou uma geração de cobradores de falta. O medo de ver o goleiro sendo pego de surpresa após uma falta que bateu na barreira e deixou o gol aberto parece ter sido superado por Ceni, que viu a fatalidade de perto apenas uma vez.
Contra o Santos, no dia 22 de outubro de 2005, Ceni bateu falta mal executada e permitiu a conclusão de Geílson, após contra-ataque. "Muitas pessoas torceram e demorou para acontecer, mas acho que se trata de um risco calculado. Creio que saiam mais gols quando a defesa é pega de surpresa, mesmo não sendo o goleiro o batedor da falta", explicou o goleiro, que sofreu um gol de Roger, então no Fluminense, enquanto ainda comemorava um tento marcado em 2002.
Durante a carreira, Rogério chegou a ser proibido de bater faltas durante a década de 90. No comando do São Paulo, Mário Sérgio, que hoje é técnico do Figueirense, exigiu que o goleiro permanecesse em sua meta durante as bolas paradas no ataque. Apesar de não concordar com o novo treinador, o jogador sucumbiu à ordem do comandante.
No entanto, os quase 70 gols do "goleiro artilheiro" são a prova de que o antigo treinador estava errado. A fama de Rogério ganhou tal status que o pentacampeão do mundo ganhou seguidores. Tiago, da Portuguesa, Zé Carlos, que jogou o Brasileiro da Série C do ano passado pelo Criciúma, Jorge Miguel, que atuou pelo São Paulo na Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2007, e Júlio César, do Botafogo, são alguns dos que se arriscam a bater faltas.
"Acho legal ver outros goleiros batendo falta. O dia em que algum deles bater falta e eu estiver do outro lado vou encarar com naturalidade. Acho que uma hora vou acabar levando um gol de goleiro", brincou Rogério, dias antes do início da campanha são-paulina no Estadual de 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário