Depois de se apresentar como o campeão na emissão de decretos, de desvendar seu lado autoritário com a intervenção nas Universidades, de eximir-se de suas responsabilidades enquanto gestor público com acusações a outros, como ao Movimento Social e o Governo Federal, uma nova faceta surge no horizonte do governo Serra: é o seu lado pendular.
Quando a reação é muito forte aos desmandos que pratica, ele recua, retifica algumas coisas, promete e ... faz pior. Nada de incompetência, ignorância ou ingenuidade nessa forma de agir. Pelo contrário é uma tática que procura ganhar tempo, ganhar a opinião pública e, sobretudo procura desnortear o adversário. É o que vem acontecendo com os problemas das Universidades.
O governador Serra e seus asseclas várias vezes afirmaram que não haviam ferido a autonomia universitária. Entretanto, matéria da Folha de S. Paulo, de 14/05/2007 – Cotidiano – pg. C3, praticamente desmente essas declarações: as Universidades não terão mais o poder de remanejamento de seus recursos a não ser com autorização expressa do governador, fato que contraria a Constituição Federal em seu artigo 207 que garante a “autonomia didática - científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial” das Universidades.
O secretário Pinotti da Secretaria de Ensino Superior, em entrevista a Folha de S.Paulo, afirma, na mesma matéria, “o governador é o responsável pelo uso do dinheiro dos contribuintes para que sejam usados adequadamente”. A argumentação não poderia ser pior. Isso compromete a responsabilidade e competência dos próprios reitores que até agora administraram as instituições.
E mais ainda, na fala do Dr. Pinotti: “Suponha que haja um remanejamento maluco. Cabe ao governador dizer não”. Realmente, sob o ponto de vista do governo os reitores estão sob suspeita! Essa matéria foi publicada na Folha de S.Paulo de 14/05/2007.
Já no dia seguinte... Em nova matéria no mesmo jornal, o secretário Pinotti desculpando-se de ter se expressado mal, informa que a obrigatoriedade do aval do governador não será exigida este ano. Somente no ano que vem. É o novo modo pendular de governar!
Como justificativa, afirma que as Universidades que anteriormente informavam seus gastos mês a mês agora estão fazendo sua prestação de contas dia-a-dia e precisam de um tempo de adaptação. Este secretário quanto mais explica mais se atrapalha...
É, pois, com muita justiça que professores alunos e funcionários da USP organizam seu protesto e greve, exatamente com o objetivo de defender a autonomia universitária e garantir o funcionamento das Universidades.
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